É de fundamental relevância conhecer um dos episódios mais marcantes em nossa história, o 13 de maio de 1888, foi uma data marcante que pôs fim à escravização dos negros no Brasil, após mais de 300 anos desta prática nefasta.
Esta importante data, que absurdamente não se tornou um feriado nacional, foi bastante comemorada em todo o Império do Brasil. No Rio de Janeiro, aconteceram grandes solenidades, missas e festejos. Em Campos, a festa não poderia ser menos agitada.
Campos dos Goytacazes era uma importante cidade no contexto político e econômico do século XIX, a cidade era tomada por usinas e grandes fazendas, e por consequência existia uma quantidade absurda de escravizados.
É importante salientar que a cidade passou por grandes modificações políticas e sociais, tendo em vista o crescimento do movimento abolicionista, que desde meados do século XIX promoveu ações para libertação de cativos na cidade.
Em 1856, é criada em Campos a "Sociedade Campista Promotora do Trabalho Livre", esta sociedade deu um dos primeiros passos para o fim da escravidão, vale lembrar que até início da década de 1880, os abolicionistas não eram tão radicais e violentos, estes procuravam utilizar e mobilizar recursos para arrecadar dinheiro para libertar pacificamente os escravos, estes cativos eram comprados dos seus donos e em seguida eram alforriados. Nesta primeira fase do abolicionismo, é possível destacar a luta de homens como os Drs. Herédia de Sá e Francisco Portela, que ajudaram a abrir o caminho para a abolição.
No início de 1880, a entrada de José do Patrocínio (na esfera nacional) e de Luiz Carlos de Lacerda (na esfera regional) modificaram o modus operandi do movimento, nesta fase surge o período mais radical do movimento, onde os abolicionistas não só arrecadavam fundos para emancipação, mas como utilizavam da imprensa (o jornal 25 de março) para atacar os adversários da abolição (fazendeiros escravagistas). Neste sentido, é possível afirmar que quando as alternativas mais pacíficas não funcionavam, o emprego da violência era utilizado pelos abolicionistas liderados por Luiz Carlos de Lacerda. Nesta fase da abolição, foram registradas diversas fugas em massa e grandes incêndios nos canaviais dos fazendeiros. Estas ações foram cruciais para a redução dos cativos em nossa cidade.
No fim de tarde do dia 13 de maio de 1888, a notícia da aprovação da Lei Áurea chegou a Campos via telégrafo, a cidade não deixou de comemorar a extinção oficial da escravidão no país, segundo o historiador Horácio Souza, as festas duraram 8 dias em grande intensidade de comemoração.
O que mais me chama a atenção é a falta de conscientização sobre esta importante data, que nem feriado é, deixando um vácuo de consciência evidente, faltando até mesmo comemorações nas escolas e nas ruas.
Muitos questionam o papel da Princesa Isabel neste processo, geralmente as críticas partem de pessoas com compromissos ideológicos ou de quem não tem o mínimo interesse em estudar a fundo a Família Imperial. Vale lembrar que a Princesa Isabel era uma abolicionista ferrenha, e que no dia 13 de maio ela tinha dois caminhos a escolher: o primeiro era vetar a Lei Áurea e sustentar a monarquia através da força econômica dos fazendeiros (escravocratas) ou sancionar a Lei Áurea e perder uma das principais bases de apoio do Império, que eram os fazendeiros. Sabemos que ela optou pela última opção e, em pouco mais de um ano, o Império do Brasil foi desfeito mediante a um Golpe de Estado apoiado por militares e também por fazendeiros descontentes.
Assim sendo, apesar de existirem discordâncias sobre o papel da Princesa Isabel no processo de abolição da escravidão, não podemos esquecer que este processo não foi só feito pela Princesa, e sim pelos próprios negros que lutaram pela liberdade e por homens corajosos como José do Patrocínio e Luiz Carlos de Lacerda. Portanto, aos que ignoram esta data em razão da D. Isabel, podem também acabar por desvalorizar o legado dos outros grandes abolicionistas. O 13 de maio não foi feito só por uma pessoa.