A Praça da República é um local histórico que remonta aos meados do século XIX. O terreno onde foi construída a praça pertencia à Ordem Terceira de S. Francisco, que cedeu o terreno à Câmara de Vereadores em 1850, com a intenção de criar uma área aberta de lazer para a população.
Apesar da boa vontade da Ordem Terceira, levou 13 anos para que a praça fosse entregue. Os vereadores decidiram batizá-la de Praça do Imperador. As delimitações da praça faziam fronteira com terrenos de homens poderosos de Campos, incluindo o importante Engenheiro Saturnino de Brito, um dos homens mais prósperos da cidade. Na esquina da rua Siqueira Campos com a Lacerda Sobrinho, ainda é possível admirar a beleza de seu antigo palacete.
Em 1889, com a queda de D. Pedro II e a instauração da República pelos militares, houve uma verdadeira reconfiguração histórica no país, com mudanças nos nomes de ruas e praças que faziam menção à Monarquia. Por essa razão, a Praça do Imperador passou a se chamar Praça da República. Décadas depois, foi construído o Colégio Estadual 15 de Novembro, que homenageia o dia do golpe da República (15 de novembro de 1889).
A Praça da República era uma das maiores da cidade, repleta de palmeiras imperiais e bastante arborizada. No centro, havia uma pequena escola maternal. Atualmente, ao redor da praça, existem diversas feiras que vendem pescados, biscoitos, frutas e legumes. Dentro do terreno da praça, também há rampas de skate e uma escola destinada à educação de jovens e adultos.
Entretanto, a praça está com os dias contados. Em 2023, o prefeito Wladimir Garotinho anunciou a construção da nova Feira Municipal, o que implicará na demolição completa da Praça da República. O projeto visa criar uma feira com espaço fechado e refrigerado.
Durante esses anos, diversas gestões se sucederam na prefeitura, e apenas uma reforma significativa foi realizada em 2009, com a revitalização do espaço e a inclusão de quiosques. No entanto, a praça foi tomada por moradores de rua e usuários de drogas, tornando-a menos segura para a população.
Diante disso, acredito que a prefeitura deveria se empenhar em recuperar a Praça da República, tornando-a mais agradável e segura para os cidadãos, em vez de simplesmente substituí-la por um novo projeto.
Campos atualmente possui poucas praças destinadas ao lazer da população. A praça mais utilizada pelos campistas para a prática de esportes e lazer é a Praça Nilo Peçanha (erroneamente chamada de São Benedito), que também necessita de reparos e revitalização. Além disso, temos a Praça São Salvador, que nem de longe é a mesma do passado. Todas as suas árvores foram retiradas, assim como as gramas e os bancos de madeira. Sentar-se nela no período da tarde é um verdadeiro desafio devido ao calor da cidade na maior parte do ano, já que a praça foi redesenhada para ser uma praça de inverno.
*Matheus Alvarenga Gonçalves é um pesquisador e acadêmico do 6° período do curso de História da Universidade Federal Fluminense. Tem como principal área de pesquisa a História do Brasil Imperial
