O promotor de justiça, Marcelo Lessa, parece ter visto que feriu um dos princípios básicos do direito, o da razuabilidade, ao recomendar que os médicos optassem por pacientes que respeitam a quarentena aos que não concordam com ela. A declaração foi dada ontem em um canal de TV e logo reverberou em todo o país, tamanha foi a gravidade do que falou. Este excesso não pegou bem no momento da repercussão junto as próprias entidades relacionadas diretamente com o MP, como a OAB, por exemplo.
Um dia depois da infeliz recomendação, porém, Lessa parece ter se arrependido. Nesta quarta-feira (22), ele emitiu uma nota curta e chamou a declaração imprória de “inconveniência”. “Já me reportei ao procurador-geral (do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem), reconhecendo a inconveniência da entrevista, e prefiro não alimentar mais qualquer tipo de polêmica, em respeito a todas as pessoas e instituições que possam ter de sentido ofendidas, com quem aproveito para me desculpar”, disse.
Também na entrevista desta terça-feira, o promotor não apenas recomendou que os médicos atendessem, prioritaramente, os pacientes “obedientes”, como disse que o Ministério Público tem ferramentas para rastrear, pelas redes sociais, pessoas que estão descumprindo a determinação, declaração desmentida por meio de nota oficial do próprio Ministério Público.
Um dia após a entrevista, colegas de Lessa também o apoiaram. Pelas redes sociais, uma internauta escreveu. “Eu estou em oração pela vida deste agente de utilidade pública de nossa sociedade que, notavelmente de bom Coração, tem usado todo seus conhecimentos em defesa e pela manutenção da vida com muita garra e coragem. Precisamos ter gratidão por pessoas que neste tempo guerreiam incansavelmente por amor ao próximo desconhecido”.