A comunicação por telégrafos, que utilizava a transmissão de sinais elétricos por fios para o envio de mensagens codificadas em Morse, foi uma inovação tecnológica crucial no século XIX. Essa era dos telégrafos revolucionou os meios de comunicação no Brasil.
Antes da introdução do telégrafo, as mensagens eram enviadas por meio de cartas, que, dependendo da região, podiam levar dias, semanas ou até meses para chegar ao destino final. A comunicação telegráfica tornou-se essencial para militares, políticos e jornalistas, permitindo que frases e textos fossem enviados a longas distâncias em questão de minutos. No Rio de Janeiro, a comunicação por telégrafos já estava em uso desde meados da década de 1850, com uma linha que conectava o Palácio Imperial à cidade de Petrópolis.
A cidade de Campos só teve acesso a essa tecnologia, que a colocaria em um novo patamar tecnológico, em 1869. Essa conquista se deveu ao irmão do ilustre Almirante Luís Filipe de Saldanha da Gama, o Dr. José Saldanha da Gama.
O historiador Hervé Salgado, em sua obra “Campos – Na Taba dos Goytacazes”, relata que José Saldanha da Gama, ciente da importância dos telégrafos para alavancar e integrar a comunicação da cidade com a corte no Rio, apresentou essa necessidade à Câmara de Vereadores de Campos em 1864. Contudo, a proposta ficou adormecida nas gavetas dos vereadores até que, com o apoio do engenheiro João Martins da Silva Coutinho, que não poupou esforços para impulsionar o projeto, as coisas começaram a andar.
Após um árduo esforço para reunir recursos e obter apoio político, o projeto foi finalmente concluído em 1869. A linha telegráfica, que inicialmente ligava Campos ao Rio, foi instalada no antigo prédio dos Correios e Telégrafos, na Praça São Salvador. A grande inauguração ocorreu propositalmente no dia 2 de dezembro de 1869, no aniversário do Imperador D. Pedro II.
As primeiras mensagens foram endereçadas ao Palácio da Quinta da Boa Vista, residência oficial do Imperador. A resposta do monarca chegou algumas horas depois, após ele tardiamente tomar conhecimento da novidade que vinha de Campos.
O Dr. Capanema diretor do telégrafo foi celebrado pelos progressistas campistas. Entre os presentes nas comemorações, estavam o Barão da Lagoa Dourada, Thomaz Coelho, Miguel Herédia de Sá e o Dr. Francisco Portela.
A comunicação por telégrafos aproximou os campistas da corte. As notícias passaram a ser transmitidas quase em tempo real, desempenhando um papel fundamental para jornalistas, políticos e militares. Em 1874, com a colaboração do lendário Barão de Mauá, o Rio de Janeiro foi integrado à rede de cabos submarinos da Europa, permitindo que Campos também recebesse informações privilegiadas do continente em um curto espaço de tempo. Foi através do telégrafo que a cidade soube, quase em tempo real, de dois eventos históricos de extrema importância nacional: a sanção da Lei Áurea (1888) e o Golpe da República (1889).
A cidade era diariamente contemplada com as notícias da Europa, e os jornais campistas passaram a destacar as principais informações vindas do Velho Continente. A linha telegráfica representava a melhor forma de comunicação até a implantação das linhas telefônicas no Brasil.
