Diferentes formas de organização política, como monarquias e repúblicas, emergiram ao longo da história para atender às necessidades de governança. Os sistemas parlamentarista e presidencialista, por exemplo, apresentam particularidades na estrutura do poder e na participação popular, gerando debates sobre suas vantagens e desafios nas democracias contemporâneas.
O parlamentarismo se destaca por sua forma peculiar de escolha do chefe de governo. Uma vez eleito, o Primeiro-Ministro assume o papel de chefe do executivo, diferenciando-se nitidamente do sistema presidencialista.
No presidencialismo, o Presidente é eleito pelo voto direto da população e assume as funções de chefe de Estado e chefe de governo, concentrando amplos poderes. Este sistema é marcado por uma clara separação entre os poderes executivo e legislativo, o que pode levar a conflitos entre eles – uma realidade bem conhecida no Brasil. No modelo presidencialista, o Presidente acumula funções de chefe de Estado e chefe de governo, centralizando poderes de maneira significativa. Esse acúmulo facilita o fortalecimento do “centrão”, frequentemente utilizado pelo executivo para aprovar pautas no legislativo, uma prática que pode fomentar a corrupção institucional, como foi evidenciado no escândalo do mensalão.
Por outro lado, críticos do parlamentarismo monárquico argumentam que este sistema é autoritário por natureza, uma vez que a sucessão se dá por tradição e não por eleição. No entanto, é crucial distinguir entre formas de governo (monarquia) e sistemas de governo (parlamentarismo). Nas modernas monarquias parlamentares, a independência do parlamento e as liberdades individuais são pilares fundamentais.
Monarquias Parlamentares em Perspectiva
A análise histórica mostra que alguns países não conseguiram manter uma monarquia parlamentarista estável. A Itália, por exemplo, viu sua monarquia parlamentar ser minada com a ascensão do fascismo, transformando-se na República de Mussolini. Este exemplo ressalta que o sucesso de um sistema de governo depende de múltiplos fatores, incluindo o contexto sociopolítico e a estabilidade institucional.
Súditos versus Cidadãos: Um Debate Semântico
A distinção entre “súditos” e “cidadãos” é frequentemente usada para sugerir que súditos não possuem direitos. Este conceito, porém, é problemático. Na Inglaterra, por exemplo, os súditos gradualmente conquistaram direitos ao longo dos séculos, desde a Magna Carta em 1215 até a Revolução Gloriosa em 1689. A diferença entre súditos e cidadãos é mais uma questão de terminologia histórica do que uma distinção real em termos de direitos e deveres.
Reflexões Finais
No contexto atual, a percepção de monarquias como sistemas medievais é equivocada. A falta de conhecimento em Teoria Geral do Estado contribui para essa visão distorcida. Monarquias parlamentares modernas são exemplos de sistemas onde o parlamento e as liberdades individuais são respeitados e protegidos. Comparativamente, considerando as liberdades civis, muitos poderiam preferir ser súditos em uma monarquia constitucional como a inglesa, a serem cidadãos em repúblicas de regime autoritário.

*Matheus Alvarenga Gonçalves é um pesquisador e acadêmico do 6° período do curso de História da Universidade Federal Fluminense. Tem como principal área de pesquisa a História do Brasil Imperial