Em entrevista a um canal de TV, o promotor de Tutela Coletiva de Campos, Marcelo Lessa, fez uma declaração, no mínimo, polêmica nesta terça-feira (21). Ele recomendou que os médicos tratassem com prioridade os pacientes que permaneceram em quarentena e aqueles que se arriscaram por dever de ofício. Em outras palavras, Lessa sugeriu que os pacientes que não estão respeitando a quarentena não fosse prioridade, já que não estariam tomando os cuidados devidos.
Em um trecho, o procurador disse. “Uma coisa é o paciente é o Covid procurar o paciente, outra coisa é o paciente, por ignorância, ir ao encontro do Covid. Essas pessoas, que estão cavando suas covas por ignorância, não têm o direito de tirar a vida daqueles que estão tentando fugir do Covid”, falou.
Marcelo Lessa é um dos profissionais que compõe o gabinete de crise. Em outra entrevista, ele chegou ameaçar prender quem descumprisse a ordem de permanecer enclausurado por conta da pandemia, no dia em que alguns comerciantes fizeram uma passeata pelas ruas de Campos. Nas declarações de hoje, o promotor se refere às pessoas que estão participando de manifestações públicas pelo fim das medidas e utilizando as redes sociais para promover campanhas pela normalização das atividades no comércio.
Algumas dessas pessoas, que têm total direito de se manifestar, fazem convocações em páginas do Facebook. O promotor também destacou que é possível monitorar o comportamento dos internautas que promovem a desobediência à quarentena, para montar um banco de dados visando orientar os médicos, caso a situação evolua para uma gravidade em que o profissional seja obrigado a fazer escolhas.
Nas mesmas redes sociais que o promotor mencionou, muitos leitores ressuscitaram aquele antigo debate: “no caso de dois baleados, um policial e um traficante, quem o médico deve salvar?” O questionamento é polêmico, envolve questões éticas e, sobretudo, parcimônia em um momento tão delicado quanto esse.
