Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira foi preso, na manhã desta quarta-feira, após se entregar na Delegacia do Consumidor (Decon) acompanhado pelo advogado. Ele teve a prisão preventiva decretada na noite de terça-feira, após ser indiciado pela participação no caso dos transplantes infectados por HIV. A prisão, no entanto, não foi imediata: Matheus chegou antes das 9h e encontrou a unidade policial fechada. Ele precisou esperar 20 minutos até a chegada de algum agente.
Atualmente, todos os seis denunciados pelo crime se encontram presos preventivamente. O objetivo é de assegurar o andamento das investigações.
Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, sócio do laboratório
Jacqueline Iris Barcellar de Assis, funcionária
Walter Vieira, sócio
Ivanilson Fernandes dos Santos, funcionário
Cleber de Olveira Santos, funcionário
Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora
“O que foi apurado neste procedimento não foi um fato isolado, resultado de uma conduta negligente. Mas demonstram a indiferença com a vida e a integridade física dos pacientes transplantados e demais pacientes recebem dos denunciados, que não hesitaram em modificar protocolos de segurança motivados apenas por dinheiro”, diz trecho do documento, assinado pela promotora Elisa Ramo Pittaro Neves.
Erro foi causado por economia
Segundo o Ministério Público, o erro que levou seis pacientes a serem transplantados com HIV no Rio foi causado por uma tentativa do laboratório de economizar. Na denúncia, a promotora afirma que todos de forma consciente sabiam que o controle de qualidade dos exames passou “a ser realizado de forma semanal, estando todos os denunciados plenamente conscientes de que os reagentes ficam degradados por permanecerem muito tempo na máquina analítica. Mas, ainda assim, permaneceram realizando exames e elaborando laudos nestas condições, para reduzir os custos dos exames e para permanecerem com seus empregos”.
Lesão corporal gravíssima
A Delegacia do Consumidor (Decon) também concluiu, nesta terça-feira, o inquérito e indiciou os seis sócios e funcionários do laboratório. Eles respondem por lesão corporal gravíssima por enfermidade incurável, associação criminosa, falsidade ideológica e por induzir consumidor a erro. Uma das indiciadas responde ainda por falsificação de documento particular, por apresentar diploma falso. A Decon representou pela prisão preventiva de todos os seis.
No decorrer da apuração, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas unidades do PCS Saleme, bem como em endereços ligados aos investigados. A análise do material apreendido poderá trazer elementos para novas investigações.
Com o envio do relatório do inquérito ao Ministério Público, a Decon segue investigando outro procedimento, que apura o processo de contratação da empresa. Esse trabalho policial conta com apoio do Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD) da Polícia Civil e da Controladoria-Geral do Estado.
Em nota, a defesa do Laboratório PCS Lab Saleme diz que é “ser arbitrário o pedido de prisão de Matheus Vieira, que se apresentou voluntariamente para depor à polícia e segue colaborando com as investigações no âmbito penal e administrativo.” Os sócios também alegam que a análise das amostras do Hemorio feitas com os outros 286 doadores “comprova que os dois laudos errados foram episódios pontuais, porém graves, causados por falha humana”.