O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro abriu inquérito para investigar supostos desvios de verba pública no Instituto Sawanna por Todos, ONG de Campos criada para dar suporte a pessoas vítimas de câncer e doenças raras. Entre os assistidos estão crianças e adultos. De acordo com o MP, a promotoria de tutela coletiva acolheu também a denúncia de suposta “rachadinha” entre a presidente do Instituto, Lena Souza, e o marido dela, Juarez Machado, com os funcionários que teriam que devolver parte do salário diretamente ao casal ou por terceiros.
Entre as denúncias, estão ainda a suspeita da emissão de notas superfaturadas.
Em setembro de 2023, o Instituto passou a receber pouco mais de 50 mil por mês da prefeitura de Campos (R$ 50.630), quantia destinada para pagamento dos colaboradores, que antes da parceria com a Prefeitura de Campos eram voluntários, e demais despesas como água, luz, etc.
Segundo o MP, Lena Souza – que é sócia-proprietária de uma empresa de cursos na cidade – adquiriu quatro imóveis, todos no Centro de Campos, em menos de um ano. Um desses locais virou sede da ONG. O órgão apura um possível enriquecimento ilícito, ainda que as casas estejam em nomes de terceiros, e se o patrimônio é compatível com a receita da empresa que o casal é dono.
Na denúncia, ainda consta como suspeito o salário recebido pela dentista que atende no local. De acordo com a denúncia, a profissional recebe R$ 8 mil para prestar atendimento no máximo duas vezes por semana, numa carga horária de menos de 5 horas. O salário é maior do que o piso pago aos profissionais de carreira da prefeitura de Campos, que é cerca de R$ 5.500, e cuja carga horária é de R$ 30 horas semanais.
Ainda de acordo com o MP, para não chamar atenção, mesmo sem assembleia, Lena Souza destituiu parte do corpo de diretores, elegendo, monocraticamente, nova equipe e dando ao genro o cargo de tesoureiro da instituição.
Envolvida diretamente em política partidária, Lena Souza é vice-presidente do PL Mulher em Campos e se candidatou ao cargo de vereadora, em 2020, pelo PSL. Impossibilitada pela justiça de concorrer em 2024, ela apoiou o marido, que teve votação inexpressiva.
Procurada, Lena Souza não se manifestou. O marido dela, Juarez Machado, informou que ainda não tem conhecimento das investigações, mas tão logo sabendo, se manifestará.
À reportagem do jornal Notícia Urbana fez contato com a prefeitura e aguarda resposta.