Nos últimos dias, temos ouvido falar muito no fim da escala 6×1. A PEC -Proposta de Emenda à Constituição, apresentada pela deputada Federal Erika Hilton (PSOL-SP), que propõe o fim da escala de trabalho 6×1, teve grande repercussão no meio político e na mídia, e ganhou apoio popular de boa parte dos trabalhadores. Conhecida como PEC 6×1, a proposta objetiva a redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais, modificando o art. 7º, inciso XIII, da CF/88. Recentemente, a proposta atingiu o quórum de assinaturas necessário para começar a tramitar na Câmara dos Deputados. Em suas redes sociais, Erika declarou: “O objetivo da subcomissão é avançar a nossa pauta ouvindo todos os setores da sociedade, trabalhadores do nosso país, especialistas e outros parlamentares”.
No dia do trabalhador, em pronunciamento oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo vai se aprofundar sobre o debate que trata o fim da escala 6×1. “Está na hora do Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar dos trabalhadores”, defendeu.
A proposta é considerada um avanço pelos seus defensores, principalmente pelo aspecto da saúde física e mental. Trabalhadores da área comercial, da área de hotelaria, entre outros setores, comemoram e aguardam um desfecho feliz. No entanto, do ponto de vista empresarial, a proposta pode comprometer a competitividade e a sustentabilidade de diversos setores econômicos, afinal de contas, reduzir a jornada de trabalho sem um planejamento adequado pode gerar aumento de custos operacionais, especialmente na contratação de novos funcionários para cobrir as horas reduzidas. É uma questão desafiadora para pequenas e médias empresas, que frequentemente têm margens mais apertadas.
Outro fator importante é a questão da produtividade. A redução da carga horária sem uma estratégia clara para manter ou aumentar a eficiência, pode prejudicar os resultados das empresas. Caso o projeto seja aprovado, haverá a necessidade de incentivos para as empresas se adaptarem.
A Vockan, empresa de tecnologia, aderiu ao projeto-piloto de trabalhar quatro dias da semana. A experiência contou com expertise da empresa 4 Day Week Global e Boston College, com foco inicial no aumento de produtividade. A experiência teve aprovação da liderança, afirmando que o projeto melhorou a forma de eles trabalharem, aumentando a produtividade e a eficiência. Além disso, foram registrados impactos positivos na saúde física e mental, com 73,7% e 77,3% dos entrevistados avaliando como boa ou excelente, respectivamente.
Embora a proposta tenha ganhado atenção, as chances de sua aprovação ainda são consideradas baixas. Ainda assim, o debate em torno da escala 6×1 é uma oportunidade para repensar as relações de trabalho no Brasil. Qualquer alteração deve ser amplamente discutida, considerando os impactos econômicos e sociais para evitar que uma medida destinada a beneficiar os trabalhadores acabe trazendo dificuldades para os setores.









